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Um Shopping daqueles

Jul 11
  • 23 de Junho de 2015

Cabo Frio terá shopping de frente para a lagoa com pisos de vidro sobre Sambaquis.

Um shopping inédito, a ser construído dentro das mais modernas técnicas de arquitetura, com cenário natural integrado à Lagoa e até uma praça com piso transparente que permitirá ao público "pisar na história", é o que promete a João Fortes Engenharia para novembro de 2012, no Bairro das Palmeiras, em Cabo Frio. A João Fortes tem como vizinho de fundo o Loteamento Novo Portinho, e o empreendimento, deverá atrair para ali outra série de negócios por conta da valorização da área como ponto comercial. O empreendimento terá uma área locável de 27.500 m² (ao todo são 100 mil metros que a empresa possui na enseada das Palmeiras), num único pavimento abrigarão180 lojas, além de quatro cinemas (Stadium), uma mega praça de alimentação de frente para a lagoa, com dois bares e dois restaurantes, além de estacionamento para 1260 veículos. Já confirmadas, inclusive com cartas de interesse assinadas, estão âncoras famosas como: Lojas Americanas, Leader, Casa e Vídeo, Casas Bahia, Mac Donald, Bob's, entre outras.

Por enquanto, a empresa, que já construiu cerca de nove milhões de metros quadrados em empreendimentos para os mais variados segmentos em diversos pontos do Brasil, tem apenas a planta carimbada do projeto, que funciona como uma "aprovação provisória" por parte da prefeitura. E, embora esta esteja apoiando a iniciativa, a licença definitiva só sairá depois de cumpridas todas as etapas do processo, o que envolve um documento oficial do Iphan.

A empresa responsável pelos estudos de Impacto de Vizinhança e de Impacto Ambiental é a Servec Ecologia, a mesma que realizou os estudos de impacto para o projeto Reserva Peró e Marina Porto Búzios - Expansão.

Para evitar o embargo da obra e as pesadas multas ambientais, como aconteceu no passado com o Loteamento Novo Portinho, a João Fortes abriu o seu processo no Iphan, antes mesmo de entrar com o pedido para licenciamento junto à prefeitura, e ambos os processos correm paralelamente. Fora isso, a empresa encomendou à Biovert Florestal estudos florísticos, tendo sido catalogadas as principais árvores e plantas do terreno.

A ideia, segundo Leonardo Neves, gerente de Negócios da João Fortes, é transplantar as espécies que a secretaria de Meio Ambiente e outros órgãos considerem importantes ao ecossistema regional para áreas da frente do shopping "que estão totalmente degradadas".

Com relação ao impacto sobre o trânsito, Leonardo Neves, disse que o estudo feito pela Servec Ecologia de fato apontou algumas mudanças necessárias, como a criação de uma via de mão única para o centro da cidade, mas por outro lado, "algumas ruas subutilizadas ganharão vida", diz. Segundo afirmou, o maior interessado que o trânsito flua bem é a própria empreendedora, "visto que se o shopping não tiver consumidor, o lojista não vai vender e o shopping não daria certo".

"Antes da cidade se preocupar com isso, essa é uma questão nossa. O interesse do nosso grupo é fazer a coisa funcionar", acrescentou ele, lembrando que o estacionamento será grande. "Estamos com uma taxa de ocupação aquém do potencial do terreno. A exigência por lei é de 60%%, mas estamos usando apenas 35% da área. Para um shopping deste porte são exigidas 831 vagas, mas temos espaço de 1260, quase 50% a mais, ou seja, temos uma folga grande." Ele observou, ainda, que por ter um único pavimento, o shopping não será, como muitos poderiam imaginar, um "caixote de cimento, mas um shopping de verdade".

"Não adianta vir para um lugar bonito com esse cenário e blindar tudo. Por isso o cuidado com o cenário, a luz natural, e as claraboias para iluminação", disse.

Com relação ao barulho produzido por quase todo grande shopping, o diretor da Servec, Paulo Pizão, garantiu que não haverá impacto para a sociedade local, "já que os ruídos serão todos internos". Está previsto, afirmou, um sistema visando minimizar o problema. Com relação à obra propriamente dita, garantiu que há uma série de medidas recomendadas pelo Inea a serem tomadas – "e isso a população vai acompanhar" – no sentido de evitar que a passagem de caminhões e que o movimento de terra causem transtornos.

Solicitado a fornecer uma cópia dos estudos para publicação em anexo a esta matéria, Pizão não quis fornecer os documentos afirmando que estes "já se encontram em poder da prefeitura e da João Fortes Engenharia".

A respeito do impacto sobre o tráfego no bairro das Palmeiras, Pizão respondeu que o estudo revelou "que se ordenado o trânsito de forma adequada se terá, no máximo, uma queda de padrão da categoria A para a categoria B, ou seja, como já existem ruas em Cabo Frio onde o fluxo de veículos é "B", não irá causar mudanças de forma a torná-lo insustentável", acredita.

Concluindo, Paulo Pizão disse que a João Fortes é apenas uma empresa de Engenharia e construção de shoppings, e não cabe a esta resolver os problemas de tráfego na cidade. "A prefeitura vai se valer de um estudo que nós fizemos, mas não é a João Fortes quem tem que resolver o problema pela prefeitura", finaliza.

Compras, diversão, educação, cultura e preservação da memória às margens da lagoa é a promessa.

Os idealizadores do projeto se preocuparam até mesmo em inseri-lo no contexto da cultura regional, e pretendem lançar mão de suas 'riquezas' sempre que possível, através de peças publicitárias e projetos educacionais como parte de seu marketing, informou Leonardo Neves. Segundo ele, tudo foi muito bem planejado, a fim de aproveitar o contexto histórico que envolve a cidade, cujos primeiros habitantes deixaram como legado vários Sambaquis, cujo valor foi agregado ao shopping. Assim, será construído o piso de vidro, sobre o sitio arqueológico existente no local, o que permitirá que o público passeie sobre a sua própria história.

Como complemento, paredes verdes com painéis de bromélias, 70 metros de mangue preservados como parte integrante do projeto, bem como jardins com arbustos, plantas e árvores tipo pau-brasil, jacarandás e palmeiras, irão compor o visual o prédio de pavimento único, que usará a lagoa como uma extensão de cenário. O paisagista é Sergio Santana, um dos melhores profissionais do país. Logo na entrada haverá espelhos d'água e dois acessos bem largos, para facilitar o fluxo de público. A iluminação será quase que totalmente natural, a fim de aproveitar ao máximo a luz de Cabo Frio, o que irá reduzir os custos de energia para os clientes.

(Textos: Paula Maciel)


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